quinta-feira, 16 de maio de 2013

As cores a que se destinam

Em declaração recente, o premier italiano diante do caos das cidades cobertas de lixo do seu país, afirmou: é preciso uma lei com regras rígidas e severas, contra quem joga lixo na rua. Não distante, observava as lixeiras dispostas nas estações de trem e dos aeroportos europeus que embora diferenciadas por cores não continham os seus respectivos conteúdos. Fato comum no Brasil nos lugares onde as lixeiras coloridas estão prontas para a segregação.

A diferenciação por cores do lixo é reconhecida para a coleta seletiva voluntária em todo o mundo. Utiliza-se o AZUL para o papel, o VERMELHO para o plástico, o VERDE para o vidro, o AMARELO para o metal, o PRETO para a madeira, a cor LARANJA para os resíduos perigosos, o BRANCO para os resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde, o ROXO para resíduos radioativos, o MARROM para resíduos orgânicos e a cor CINZA para resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.

O critério da criação dos padrões das cores não é conhecido, mas certamente quem o determinou buscou induzir a força do hábito nas pessoas para separar o lixo para a promoção, de uma parte, da reciclagem que é a tentativa de recuperação da matéria em fim de ciclo para alimentação em outro processo.

Sabedoria humana engenhosa para dissimular ou embelezar os males da nossa existência e atenuar seus efeitos. Esforçamo-nos nós mesmos por agravar a miséria de nossa condição pois a escolha certa deve ser a não geração do lixo ou ainda a moderação no ato de consumir, independente da cor a que o lixo se destina.

No entanto, este modo de proceder, diferenciando o lixo por cores, tem foco e alcança objetivo nas esferas que operam visando à consciência ambiental com a recuperação de quantidades estimáveis de recicláveis. Estes materiais são encaminhados diretamente a empreendimentos que trabalham com pré-tratamentos de resíduos, segregando ou transformando o lixo e assim obtendo matérias primas para outros sistemas produtivos. Certamente, funcionários e colaboradores destes setores, já disciplinados, disseminam maneiras de agir aos outros olhares atrofiados deste sentido.

Ações de educação ambiental adicionam-se para alavancar os procedimentos da Coleta Seletiva. Distribuição de cartilhas, panfletos, folders com receitas de modos de como jogar o lixo nos recipientes com as cores padrões são freqüentemente distribuídas a transeuntes, nas escolas e comunidades dos lugares em que são dispostos. Os desempenhos destas mobilizações se reduzem, em sua maior porcentagem, em mais lixo pois as lixeiras diferenciadas em cores permanecem ora vazias ora com lixo trocado.

Valemos então, da apreciação da austeridade que, no sentido do bem, encaminham sobriedade àqueles comportamentos que não são mais comportados que o necessário à condução da minimização dos efeitos gerados na dinâmica da nossa civilização que por hora ultrapassam todas as medidas.

Artigo editado em Lar & Cia - Amazonas em Tempo em 05/12/08.

Requalificação Urbano-Ambiental de Áreas Periféricas na Cidade de Manaus/AM - Brasil


Lislair Leão Marques, M.Sc.  Engenheira Ambiental e Tecnóloga da Construção Civil,.
Juliane Berber, M.Sc. Arquiteta e Urbanista
Maurício Carvalho. Arquiteto e Urbanista

ABSTRACT

Os problemas urbano-ambientais vêm se agravando nas regiões periféricas da cidade de Manaus/AM-Brasil, nas últimas décadas, levando ao aumento expressivo de regiões urbanas altamente desqualificadas, prejudicando o meio ambiente e a qualidade de vida da população que ocupa essas regiões.
Alguns esforços do Poder Público em criar Áreas de Preservação Permanente, em função de conter a expansão desordenada dos bairros e as ocupações ilegais, têm sido tomados. No entanto, são insuficientes demonstrando a necessidade de ações que viabilizem de maneira sustentável o desenvolvimento dessas regiões da cidade bem como sua requalificação em termos sanitários e ambientais.
As áreas urbanas de periferia já consolidadas na cidade de Manaus, especialmente a Zonas Norte, Leste e adjacências, apresentam falhas em sua composição morfológica e de infra-estrutura, como ocupação indevida de terrenos, alta densidade populacional, baixa porcentagem de área verde, falta de rede de esgoto, deficiência e/ou inexistência de coleta de lixo e pouco entendimento das questões e leis urbano-ambientais por parte da comunidade. Grandes glebas de área verde do município vêm sendo ameaçadas pela contínua expansão dessas ocupações, gerando, além de degradação progressiva da floresta, baixos índices de qualidade de vida para a população.   
Estabelecer diretrizes que sirvam como instrumentos para Programas de Políticas Públicas de Requalificação sanitária e ambiental das áreas de periferia da cidade de Manaus é o objetivo principal do trabalho. Para chegar os resultados em primeiro passo, a busca através de uma pesquisa documental e de coleta de dados em campo, através de questionários a serem aplicados junto à população para que informações que consolidem um diagnóstico das áreas de intervenção. A seguir, buscam-se iniciativas para a promoção da Educação Ambiental para o Saneamento Ambiental, valorizando a participação comunitária. Nesta etapa se fazem necessários a identificação de lideranças existentes e potenciais que contribuam para a sensibilização e mobilização em relação às questões mencionadas.Um grupo de trabalho envolvendo todos os setores da sociedade como ONGs, centros de ensino e pesquisa, atores de serviços públicos ambientais e de saneamento para discutir as possíveis soluções, priorização das questões e responsabilidades de cada ator, dentro de um cronograma de planos e metas.
O desafio de promover o desenvolvimento social com a preservação e promoção do meio ambiente faz da Mobilização Social e a Educação Ambiental um dos instrumentos da requalificação e da gestão sanitária e ambiental das áreas urbanas de invasão e degradadas. Novos modelos devem levar em conta a participação de todos os atores para o reconhecimento dos problemas e da busca de soluções e principalmente o comprometimento daqueles diretamente envolvidos.

Diagnóstico para a gestão integrada dos resíduos na bacia do São Raimundo da cidade de Manaus/AM - Brasil

SIDISA 2008 Conference

Lislair Leão Marques, M.Sc.  Engenheira Ambiental e Tecnóloga da Construção Civil,. 
e-mails: lislair@pop.com.br, lislair@yahoo.com.br 
Juliane Berber, M.Sc. Arquiteta e Urbanista
e-mail: julianeberber@terra.com.br 
Maurício Carvalho. Arquiteto e Urbanista
e-mail: carvalhomauricio@hotmail.com 
Palavras chaves: resíduo sólido; bacia hidrográfica urbana.

1. INTRODUÇÃO
 A área urbana de Manaus abrange quatro bacias hidrográficas, todas contribuintes da grande Bacia do Rio Negro. Duas bacias encontram-se integralmente dentro da cidade Bacia do São Raimundo e Bacia do Educandos. O Rio Negro, que banha a orla sul da cidade, tem suas nascentes localizadas na depressão do Orenoco, percorrendo cerca de 1.550km até encontrar o Solimões, formando o Rio Amazonas, na baía do encontro das águas.
As grandes transformações sofridas por Manaus, cuja população segundo o IBGE-2000 é de 1.644.690 hab, a partir da implantação da Zona Franca não foram acompanhadas por uma política de controle ambiental compatível com crescimento urbano. Ao longo desse processo, os cursos d’agua que foram à cidade transformaram-se em depósitos de esgotos e resíduos sólidos urbanos.
As nascentes dos igarapés ainda apresentam condições satisfatórias, próximas às de ambientes naturais, embora já se observam processos de ocupação em áreas próximas a suas cabeceiras. Entretanto, nos trechos dos igarapés onde ocorrem ações antrópicas, as propriedades dos corpos d’agua apresentam intensa alteração, chegando atingir estado de total descaracterização, em virtude do pequeno porte e da pouca capacidade de autodepuração das cargas poluidoras.
Isso se deve ao fato desses igarapés não ser guarnecidos por matas ciliares, na maior partes de seus percursos, permitindo o carreamento de grande variedade de detritos para suas calhas, levados pelas águas pluviais. Em conseqüência, ocorrem assoreamento dos talvegues e a alteração dos canais, além do represamento de águas altamente poluídas junto às margens, onde se instauram ambientes anoxicos, que provocam a exalação de odores desagradáveis.
Neves & Tucci, 2003, ressaltam a problemática dos resíduos sólidos despejados inadequadamente na superfície, atingindo as redes de drenagem urbana, onde esses se apresentam acumulados nas vizinhanças de shopping centers, estacionamentos, saídas de fast foods, estações rodoviárias e ferroviárias, estradas, escolas, parques públicos e jardins, contêineres, locais de aterros e depósitos de reciclagem. Elas constituem-se principalmente de materiais manufaturados como garrafas, latas, envelopes de papel e plástico, jornais, sacolas de compras, embalagens de cigarro, mas também partes de carros, restos de construção e colchões velhos. Estes, após alcançarem à rede de drenagem, são transportados através dos condutos, arroios, rios, lagos e estuários até eventualmente alcançarem o mar, nas cidades litorâneas. Frequentemente podem permanecer fixos na vegetação ao longo das margens dos arroios, rios ou lagos, ou espalhados ao longo das praias.
Brites, 2005, relata que os resíduos nos corpos de água urbanos causam má aparência, perturbam o habitat natural, degradam a qualidade da água, aumentam a propagação de doenças, podem causar a morte de animais aquáticos, além de impedirem o funcionamento hidráulico dos sistemas de drenagem. Uma maior preocupação sobre a quantidade de resíduos que atingem os corpos de água vem acontecendo. Embora, estes impactos estejam recebendo maiores atenções, poucos estudos foram realizados nesta área.
2. OBJETIVO
Apresentar um diagnóstico da situação do saneamento e sócio-econômica da população residente na área da Bacia do São Raimundo que se localiza na área urbana da cidade de Manaus. Este diagnóstico servirá de base para as decisões da gestão integrada dos resíduos e das águas na bacia.
3. METODOLOGIA
Considerando os dados do ATLAS DO DESENVOLVIMENTO DE MANAUS-PNUD-2006 e os dados compilados diariamente das atividades da Secretaria Municipal de Limpeza Pública – SEMULSP, através dos setores de Geoprocessamento e de Estatítica foram realizados cruzamentos e correlações.
Para as análises foram adotados seguintes critérios contidos na tabelas a seguir. Com a redução dos dados pudemos cruzar os graus dos serviços de saneamento e das condições sócio econômicas e desse modo realizar estudos da realidade da Bacia do São Raimundo.
Tabela 1: Graus de redução para o componente de renda do chefe da família
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ R$ 400,00
42,69%
Média
R$ 400,00< renda< R$800,00
39,47%
Alta
³ R$ 800,00
17,84%

Tabela 2: Graus de redução para o componente do serviço de coleta do resíduo
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ 0,85
36,33%
Média
0,85< serviço de coleta < 0,90
49,60%
Alta
³ 0,90
14,07%
 
Tabela 3: Graus de redução para o componente de abastecimento de água
Critério
Intervalo
População correspondente (%)
Baixo
£ 0,60
39,37%
Média
0,60< abastecimento< 0,90
17,94%
Alta
³ 0,90
42,69%

Tabela 4: Graus de redução para o componente de rede de esgoto
Critério
Intervalo
População correspondente (%)
Baixo
£ 0,40
39,70%
Média
0,60< rede< 0,90
17,61%
Alta
³ 0,15
42,69%

Tabela 5: Graus de redução para a componente geração per capta de resíduos doméstico
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ 0,561 kg/dia
11,55 %
Média
0,561 kg/dia < geração< 0,951 kg/dia
31,14%
Alta
³ 0,951 kg/dia
57,31%

4. RESULTADOS
Gráfico 1: Saneamento nos setores da Bacia do São Raimundo
A Bacia do São Raimundo possui uma área de 117,95km2 e está inserido nesta pelo menos 1.193.943hab, segundo o IBGE-2000. Parcela desta população, 509.712hab (42,79%) o chefe da família possui renda abaixo de R$400,00 e 212.968hab (17,84%) o chefe de família possui renda superior a R$800,00. O gráfico1, por zoneamento, ilustra e relaciona os índices de abastecimento, rede de esgoto e serviço de limpeza pública na bacia do São Raimundo.
Verificamos que 470.072hab, que equivale a 39,37%, é atendida em mais de 90% do serviço de abastecimento de água e 509,712hab42,69%) abaixo de 60%. O serviço de rede de esgoto 509.712hab tem atendimento menor que 15% de rede coletora e 473.966hab(39,79%) é atendida em mais de 40% com o serviço.

5. CONCLUSÕES
O comportamento da população residente na Bacia do São Raimundo, Manaus, em relação à geração de resíduos sólidos, correlacionados as condições socioeconômicas e de saneamento na bacia se mostra, por setores, bastante diferenciados.
Percebe-se que em setores mais densos da bacia e de infraestrutura urbana estabelecida, como por exemplo, o abastecimento de água, instalação de rede de esgoto e a implantação de coleta seletiva, o atendimento dos serviços de coleta do resíduo urbano é alta. O aumento de resíduo no curso do rio aumenta com a urbanização e a classe de melhor renda gera maior quantidade de resíduo per capta e também é mais bem atendida no serviço de coleta e isto se deve à consolidação da infraestrutura urbana.
Independente da condição de abastecimento de água e de serviço de rede coletora de esgoto a coleta per capta de resíduo é realizada, pelo menos em níveis baixo. No seguimento populacional da bacia que tem serviço de coleta regular acima de 90%, observa-se que mais de um quarto desta população tem geração per capta diária de 0,562 kg.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATLAS MUNICIPAL – Desenvolvimento Humano em Manaus.Governo do Estado do Amazonas, SEPLAN, Prefeitura Municipal de Manaus, PNUD e Fundação João Pinheiro. 2006.
BRITES, A. P. Z.; Avaliação da Qualidade da Água e dos Resíduos Sólidos no Sistema de Drenagem Urbana. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS – 2005
NEVES, M.G.F.P.; TUCCI, C.E.M.; Gerenciamento Integrado em Drenagem Urbana: Quantificação e Controle de Resíduos Sólidos. In: XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos / ABRH, Curitiba, 2003.