sexta-feira, 8 de junho de 2018

Água – o bem mais valioso a Vida!

Publicado na Gazeta de Caçapava, 08 junho 2018.
O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, foi criado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, na Conferência de Estocolmo, Suécia, em 1972, alusiva ao Ambiente Humano. Pensamos na Água para refletirmos sobre esse dia.

A água é a substância mais abundante e valiosa no Universo, no Planeta Terra e do corpo humano. Nos seus três estados – sólido, líquido e gasoso – acolhe, transporta coisas e seres e lhes dá vida.

Ela é essencial a sobrevivência, seja como componente vital ou de meio intermediário aos ciclos de vida e também como veículo nos setores de produção e geração de energia.

A Terra é coberta de 71% de Água, em estado líquido. Desta porção, 91,4% está nos Oceanos. É importante observarmos que somente 2,5% é água doce. E desta, apenas 0,30% estão nos rios e lagos, donde é proveniente quase a totalidade dos líquidos que ingerimos.

Cerca de 70% do corpo Humano é Água. Nosso cérebro é constituído cerca de 80% de fluidos, os rins de 85%, o coração de 75% e os pulmões de 80%... e assim, ela é componente em todos os nossos órgãos. Ingerimos diariamente entorno de dois litros de líquidos.

Jogamos diariamente cerca de dois milhões de toneladas/dia de lixo e esgoto no Planeta que acabam chegando aos leitos de Água, afetando de modo comprometedor a sua qualidade e Potabilidade (composições biológicas, químicas e físico-químicas características da Água para que seja adequada ao consumo Humano.).

A contaminação da água pode acontecer de diversos modos, destacando-se a poluição do lixo e esgoto, metais pesados, agrotóxicos e fertilizantes. Ocorrem por conseqüência de descarte inadequado destes materiais e por acidentes que poderiam ser evitados se fossem seguidas regras básicas de saneamento e segurança.

E saber que uma de quatro pessoas no mundo tem dificuldade de encontrar Água ou que a cada minuto quatro crianças morrem por doenças relacionadas a falta de Água potável é amedrontador ao futuro da espécie Humana.

As doenças infecciosas transmitidas diretamente pela Água, não tratada, são: Hepatite A, Cólera, Diarréia, Leptospirose, Esquistossomose, entre outras.

Ainda existem doenças relacionadas com a veiculação hídrica (infecções causadas por seres que se reproduzem ou fazem do seu ciclo evolutivo na Água), como os mosquitos que se reproduzem na água doce parada, denominadas: Dengue, Febre Chikungunya, Febre Amarela. Mais Verminoses, Malária, Toxoplasmose, entre tantas.

A cada R$1,00 investido em saneamento gera uma economia de R$4,00 na saúde. Crianças em áreas sem saneamento correm o risco 32% maior de morte e tem redução de 18% no aproveitamento escolar. Há muito que fazer no saneamento básico para atingir a universalização do abastecimento de Água tratada.

No Brasil, cerca de 80% da população são abastecidos com Água e menos da metade tem acesso a coleta de Esgoto. Segundo a Lei do Saneamento, compete a Prefeitura do município, diretamente ou por via de empresas privadas, prestar os serviços de abastecimento de Água tratada, Esgoto, Lixo e Drenagem das águas da chuva.

Pensem numa coisa boa: Água boa! Cuidar da Água é cuidar da Vida. Então, mudança radical para hábitos de consumo e descarte se faz necessários a sustentabilidade. Também a universalização dos serviços básicos de saneamento: pois, todos têm o direito ao meio ambiente saneado e equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a qualidade de vida.

Lislair Leão Marques
Mestre em Engenharia Ambiental, Especialista em Saneamento Ambiental, Tecnóloga.

terça-feira, 8 de março de 2016

Coprocessamento de Resíduos Industriais em Fornos de Clinquer

O clínquer, matéria prima básica do cimento, resulta da queima de calcário e argila que utiliza os combustíveis fósseis que, como todo recurso natural, contém metais pesados. Atualmente, a utilização de resíduos de alto poder calorífico tende a substituir os combustíveis fósseis. Esses resíduos podem igualmente conter metais pesados. Os elementos metálicos introduzidos no forno de produção de clínquer são fixados no clínquer em quase sua totalidade e incorporados no cimento. Da fração eventualmente volatilizada, uma parcela é retida nos filtros e outra constituirá os efluentes gasosos. Esta pesquisa analisa os metais pesados mercúrio(Hg), tálio(Tl) e chumbo(Pb) através de um balanço de massa considerando a entradas e saídas desses metais no co-processamento de resíduos industriais em fornos de produção de clínquer.


sábado, 29 de junho de 2013

Cidade e Cidadania

Sociedades vivem em cidades e “cidade” é o lugar onde deve concentrar ofertas de serviços de infra-estrutura urbana, culturais e de consumo reunindo neste espaço diversas atividades humanas.

Já o termo “cidadania” abrange as implicações decorrentes de uma vida em sociedade, ou seja, pressupõe valores sociais que determinam ao indivíduo um conjunto de deveres e direitos. Logo, cidadania é o direito de ter direito.

A cidade deve aportar espaços de viver, habitar, apreender, trabalhar, morrer, desenvolver, de tempo perdido, de memória e esperança. Nossas emoções dependem disso, sobretudo dos lugares onde passamos nosso tempo. As cores, as luzes, a organização do ambiente urbano podem nos estimular a criatividade, mas também passar solidão, tédio ou desconforto.

Aspectos permanentes determinam um modo de vida característico dos cidadãos de um lugar. Portanto, cidade não é cenário. Casa, espaço de vivência coletiva, cidade é a identidade de um cidadão que a constrói, cuida e age a cada dia.

A gestão pública que a administra deve ser integrada e aportar instrumentos, ferramentas e equipamentos para promover o bem estar e saúde do cidadão através dos serviços que lhe compete, por exemplo, o saneamento ambiental, transporte público, segurança pública, a promoção do trabalho e distribuição de renda. Ainda, cabe a gestão fomentar estratégias de desenvolvimento que integrem o patrimônio histórico e a necessidade emergente funcional do lugar, a gestão ambiental e territorial.

As ruas, por exemplo, como espaços de vivência coletiva, devem ter paradouros de ônibus, telefones públicos, floreiras, lixeiras e os containeres de lixo. É freqüente ver estes equipamentos sem qualquer cuidado e integração com a paisagem, além da falta de segurança e limpeza destes espaços e dos elementos urbanos. Muitas vezes o indivíduo não se percebe da degradação ambiental de convívio urbano e assim vive-se alheio, sem sentimento e emoção. Excluídos da sociedade e do lugar a qual é inserido.

As Conferências das Cidades, como aconteceu na semana passada em Caçapava do Sul, promove uma gestão democrática e participativa dos cidadãos, seja pelos representantes das organizações e movimentos sociais, permitindo a sociedade refletirem e deliberar sobre o direito à cidade.

Publicado impresso no dia 28junho2013 na Gazeta da Caçapava

Transferindo problemas

Uma reflexão interessante para a semana de meio ambiente pode ser voltada à questão do lixo. Ele está solto em qualquer parte do planeta Terra e tem sido freqüente nas mídias a descoberta do “sétimo continente” localizado no Pacífico entre o Havaí e o Estado americano da Califórnia. Em vasta área, milhões de tonelada de lixo formam uma ilha de detritos de plásticos que concentrados em forma de placa flutuam no oceano. Cientistas começam a estudar esta ilha e seus impactos. Os plásticos são provenientes das correntes da costa marítima após serem carreados pelos rios, córregos, arroios... Por estar longe da costa dos países da região, nenhuma nação a toma como responsabilidade para solucionar o problema.

Um cidadão, no simples ato de se livrar de um papel que envolve um doce, por exemplo, já é um contribuinte para que esta ilha se forme. Um papel de bala solto se junta com outros materiais inadequadamente dispostos. Estes vão se acumulando nas ruas, nos terrenos baldios, nos estacionamentos, nas escolas e áreas públicas, nas estações rodoviárias, nas estradas e locais de destinação dos mesmos. Nestes locais, eles permanecem até serem removidos ou transportados pelo vento ou pela chuva atingindo a drenagem urbana e daí serem transportados nos condutos, arroios, rios, lagos até atingirem a foz dos rios ou orla dos oceanos e assim entrando nas correntes marítimas.

Este lixo é constituído de garrafas, embalagens, envelopes, sacolas de compra, embalagens, de partes de cigarro, partes de carros, colchões velhos, restos de construção... enfim... de tudo aquilo que as pessoas querem rapidamente se desfazer. Desde os volumosos até os pequenos pedaços. Quem é o responsável por este lixo e desta situação?
 

Uma revisão nos Códigos de Postura Municipal e nas Leis relacionadas estabelecidas atualmente no País e sua implantação são medidas emergentes a serem tomadas. Um exemplo: efetivar a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS –, Lei nº 12.305/10.

O PNRS prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e constitui de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Ainda instituí responsabilidades, entre elas, a efetiva comunicação aos cidadãos dos procedimentos adotados na Limpeza Pública e do Princípio do Poluidor Pagador que foi adotado recentemente na cidade de Rio de Janeiro.

Publicado impresso no dia 07junho2013, na Gazeta de Caçapava
 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

As cores a que se destinam

Em declaração recente, o premier italiano diante do caos das cidades cobertas de lixo do seu país, afirmou: é preciso uma lei com regras rígidas e severas, contra quem joga lixo na rua. Não distante, observava as lixeiras dispostas nas estações de trem e dos aeroportos europeus que embora diferenciadas por cores não continham os seus respectivos conteúdos. Fato comum no Brasil nos lugares onde as lixeiras coloridas estão prontas para a segregação.

A diferenciação por cores do lixo é reconhecida para a coleta seletiva voluntária em todo o mundo. Utiliza-se o AZUL para o papel, o VERMELHO para o plástico, o VERDE para o vidro, o AMARELO para o metal, o PRETO para a madeira, a cor LARANJA para os resíduos perigosos, o BRANCO para os resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde, o ROXO para resíduos radioativos, o MARROM para resíduos orgânicos e a cor CINZA para resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação.

O critério da criação dos padrões das cores não é conhecido, mas certamente quem o determinou buscou induzir a força do hábito nas pessoas para separar o lixo para a promoção, de uma parte, da reciclagem que é a tentativa de recuperação da matéria em fim de ciclo para alimentação em outro processo.

Sabedoria humana engenhosa para dissimular ou embelezar os males da nossa existência e atenuar seus efeitos. Esforçamo-nos nós mesmos por agravar a miséria de nossa condição pois a escolha certa deve ser a não geração do lixo ou ainda a moderação no ato de consumir, independente da cor a que o lixo se destina.

No entanto, este modo de proceder, diferenciando o lixo por cores, tem foco e alcança objetivo nas esferas que operam visando à consciência ambiental com a recuperação de quantidades estimáveis de recicláveis. Estes materiais são encaminhados diretamente a empreendimentos que trabalham com pré-tratamentos de resíduos, segregando ou transformando o lixo e assim obtendo matérias primas para outros sistemas produtivos. Certamente, funcionários e colaboradores destes setores, já disciplinados, disseminam maneiras de agir aos outros olhares atrofiados deste sentido.

Ações de educação ambiental adicionam-se para alavancar os procedimentos da Coleta Seletiva. Distribuição de cartilhas, panfletos, folders com receitas de modos de como jogar o lixo nos recipientes com as cores padrões são freqüentemente distribuídas a transeuntes, nas escolas e comunidades dos lugares em que são dispostos. Os desempenhos destas mobilizações se reduzem, em sua maior porcentagem, em mais lixo pois as lixeiras diferenciadas em cores permanecem ora vazias ora com lixo trocado.

Valemos então, da apreciação da austeridade que, no sentido do bem, encaminham sobriedade àqueles comportamentos que não são mais comportados que o necessário à condução da minimização dos efeitos gerados na dinâmica da nossa civilização que por hora ultrapassam todas as medidas.

Artigo editado em Lar & Cia - Amazonas em Tempo em 05/12/08.

Requalificação Urbano-Ambiental de Áreas Periféricas na Cidade de Manaus/AM - Brasil


Lislair Leão Marques, M.Sc.  Engenheira Ambiental e Tecnóloga da Construção Civil,.
Juliane Berber, M.Sc. Arquiteta e Urbanista
Maurício Carvalho. Arquiteto e Urbanista

ABSTRACT

Os problemas urbano-ambientais vêm se agravando nas regiões periféricas da cidade de Manaus/AM-Brasil, nas últimas décadas, levando ao aumento expressivo de regiões urbanas altamente desqualificadas, prejudicando o meio ambiente e a qualidade de vida da população que ocupa essas regiões.
Alguns esforços do Poder Público em criar Áreas de Preservação Permanente, em função de conter a expansão desordenada dos bairros e as ocupações ilegais, têm sido tomados. No entanto, são insuficientes demonstrando a necessidade de ações que viabilizem de maneira sustentável o desenvolvimento dessas regiões da cidade bem como sua requalificação em termos sanitários e ambientais.
As áreas urbanas de periferia já consolidadas na cidade de Manaus, especialmente a Zonas Norte, Leste e adjacências, apresentam falhas em sua composição morfológica e de infra-estrutura, como ocupação indevida de terrenos, alta densidade populacional, baixa porcentagem de área verde, falta de rede de esgoto, deficiência e/ou inexistência de coleta de lixo e pouco entendimento das questões e leis urbano-ambientais por parte da comunidade. Grandes glebas de área verde do município vêm sendo ameaçadas pela contínua expansão dessas ocupações, gerando, além de degradação progressiva da floresta, baixos índices de qualidade de vida para a população.   
Estabelecer diretrizes que sirvam como instrumentos para Programas de Políticas Públicas de Requalificação sanitária e ambiental das áreas de periferia da cidade de Manaus é o objetivo principal do trabalho. Para chegar os resultados em primeiro passo, a busca através de uma pesquisa documental e de coleta de dados em campo, através de questionários a serem aplicados junto à população para que informações que consolidem um diagnóstico das áreas de intervenção. A seguir, buscam-se iniciativas para a promoção da Educação Ambiental para o Saneamento Ambiental, valorizando a participação comunitária. Nesta etapa se fazem necessários a identificação de lideranças existentes e potenciais que contribuam para a sensibilização e mobilização em relação às questões mencionadas.Um grupo de trabalho envolvendo todos os setores da sociedade como ONGs, centros de ensino e pesquisa, atores de serviços públicos ambientais e de saneamento para discutir as possíveis soluções, priorização das questões e responsabilidades de cada ator, dentro de um cronograma de planos e metas.
O desafio de promover o desenvolvimento social com a preservação e promoção do meio ambiente faz da Mobilização Social e a Educação Ambiental um dos instrumentos da requalificação e da gestão sanitária e ambiental das áreas urbanas de invasão e degradadas. Novos modelos devem levar em conta a participação de todos os atores para o reconhecimento dos problemas e da busca de soluções e principalmente o comprometimento daqueles diretamente envolvidos.

Diagnóstico para a gestão integrada dos resíduos na bacia do São Raimundo da cidade de Manaus/AM - Brasil

SIDISA 2008 Conference

Lislair Leão Marques, M.Sc.  Engenheira Ambiental e Tecnóloga da Construção Civil,. 
e-mails: lislair@pop.com.br, lislair@yahoo.com.br 
Juliane Berber, M.Sc. Arquiteta e Urbanista
e-mail: julianeberber@terra.com.br 
Maurício Carvalho. Arquiteto e Urbanista
e-mail: carvalhomauricio@hotmail.com 
Palavras chaves: resíduo sólido; bacia hidrográfica urbana.

1. INTRODUÇÃO
 A área urbana de Manaus abrange quatro bacias hidrográficas, todas contribuintes da grande Bacia do Rio Negro. Duas bacias encontram-se integralmente dentro da cidade Bacia do São Raimundo e Bacia do Educandos. O Rio Negro, que banha a orla sul da cidade, tem suas nascentes localizadas na depressão do Orenoco, percorrendo cerca de 1.550km até encontrar o Solimões, formando o Rio Amazonas, na baía do encontro das águas.
As grandes transformações sofridas por Manaus, cuja população segundo o IBGE-2000 é de 1.644.690 hab, a partir da implantação da Zona Franca não foram acompanhadas por uma política de controle ambiental compatível com crescimento urbano. Ao longo desse processo, os cursos d’agua que foram à cidade transformaram-se em depósitos de esgotos e resíduos sólidos urbanos.
As nascentes dos igarapés ainda apresentam condições satisfatórias, próximas às de ambientes naturais, embora já se observam processos de ocupação em áreas próximas a suas cabeceiras. Entretanto, nos trechos dos igarapés onde ocorrem ações antrópicas, as propriedades dos corpos d’agua apresentam intensa alteração, chegando atingir estado de total descaracterização, em virtude do pequeno porte e da pouca capacidade de autodepuração das cargas poluidoras.
Isso se deve ao fato desses igarapés não ser guarnecidos por matas ciliares, na maior partes de seus percursos, permitindo o carreamento de grande variedade de detritos para suas calhas, levados pelas águas pluviais. Em conseqüência, ocorrem assoreamento dos talvegues e a alteração dos canais, além do represamento de águas altamente poluídas junto às margens, onde se instauram ambientes anoxicos, que provocam a exalação de odores desagradáveis.
Neves & Tucci, 2003, ressaltam a problemática dos resíduos sólidos despejados inadequadamente na superfície, atingindo as redes de drenagem urbana, onde esses se apresentam acumulados nas vizinhanças de shopping centers, estacionamentos, saídas de fast foods, estações rodoviárias e ferroviárias, estradas, escolas, parques públicos e jardins, contêineres, locais de aterros e depósitos de reciclagem. Elas constituem-se principalmente de materiais manufaturados como garrafas, latas, envelopes de papel e plástico, jornais, sacolas de compras, embalagens de cigarro, mas também partes de carros, restos de construção e colchões velhos. Estes, após alcançarem à rede de drenagem, são transportados através dos condutos, arroios, rios, lagos e estuários até eventualmente alcançarem o mar, nas cidades litorâneas. Frequentemente podem permanecer fixos na vegetação ao longo das margens dos arroios, rios ou lagos, ou espalhados ao longo das praias.
Brites, 2005, relata que os resíduos nos corpos de água urbanos causam má aparência, perturbam o habitat natural, degradam a qualidade da água, aumentam a propagação de doenças, podem causar a morte de animais aquáticos, além de impedirem o funcionamento hidráulico dos sistemas de drenagem. Uma maior preocupação sobre a quantidade de resíduos que atingem os corpos de água vem acontecendo. Embora, estes impactos estejam recebendo maiores atenções, poucos estudos foram realizados nesta área.
2. OBJETIVO
Apresentar um diagnóstico da situação do saneamento e sócio-econômica da população residente na área da Bacia do São Raimundo que se localiza na área urbana da cidade de Manaus. Este diagnóstico servirá de base para as decisões da gestão integrada dos resíduos e das águas na bacia.
3. METODOLOGIA
Considerando os dados do ATLAS DO DESENVOLVIMENTO DE MANAUS-PNUD-2006 e os dados compilados diariamente das atividades da Secretaria Municipal de Limpeza Pública – SEMULSP, através dos setores de Geoprocessamento e de Estatítica foram realizados cruzamentos e correlações.
Para as análises foram adotados seguintes critérios contidos na tabelas a seguir. Com a redução dos dados pudemos cruzar os graus dos serviços de saneamento e das condições sócio econômicas e desse modo realizar estudos da realidade da Bacia do São Raimundo.
Tabela 1: Graus de redução para o componente de renda do chefe da família
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ R$ 400,00
42,69%
Média
R$ 400,00< renda< R$800,00
39,47%
Alta
³ R$ 800,00
17,84%

Tabela 2: Graus de redução para o componente do serviço de coleta do resíduo
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ 0,85
36,33%
Média
0,85< serviço de coleta < 0,90
49,60%
Alta
³ 0,90
14,07%
 
Tabela 3: Graus de redução para o componente de abastecimento de água
Critério
Intervalo
População correspondente (%)
Baixo
£ 0,60
39,37%
Média
0,60< abastecimento< 0,90
17,94%
Alta
³ 0,90
42,69%

Tabela 4: Graus de redução para o componente de rede de esgoto
Critério
Intervalo
População correspondente (%)
Baixo
£ 0,40
39,70%
Média
0,60< rede< 0,90
17,61%
Alta
³ 0,15
42,69%

Tabela 5: Graus de redução para a componente geração per capta de resíduos doméstico
Critério
Intervalo
População correspondente(%)
Baixo
£ 0,561 kg/dia
11,55 %
Média
0,561 kg/dia < geração< 0,951 kg/dia
31,14%
Alta
³ 0,951 kg/dia
57,31%

4. RESULTADOS
Gráfico 1: Saneamento nos setores da Bacia do São Raimundo
A Bacia do São Raimundo possui uma área de 117,95km2 e está inserido nesta pelo menos 1.193.943hab, segundo o IBGE-2000. Parcela desta população, 509.712hab (42,79%) o chefe da família possui renda abaixo de R$400,00 e 212.968hab (17,84%) o chefe de família possui renda superior a R$800,00. O gráfico1, por zoneamento, ilustra e relaciona os índices de abastecimento, rede de esgoto e serviço de limpeza pública na bacia do São Raimundo.
Verificamos que 470.072hab, que equivale a 39,37%, é atendida em mais de 90% do serviço de abastecimento de água e 509,712hab42,69%) abaixo de 60%. O serviço de rede de esgoto 509.712hab tem atendimento menor que 15% de rede coletora e 473.966hab(39,79%) é atendida em mais de 40% com o serviço.

5. CONCLUSÕES
O comportamento da população residente na Bacia do São Raimundo, Manaus, em relação à geração de resíduos sólidos, correlacionados as condições socioeconômicas e de saneamento na bacia se mostra, por setores, bastante diferenciados.
Percebe-se que em setores mais densos da bacia e de infraestrutura urbana estabelecida, como por exemplo, o abastecimento de água, instalação de rede de esgoto e a implantação de coleta seletiva, o atendimento dos serviços de coleta do resíduo urbano é alta. O aumento de resíduo no curso do rio aumenta com a urbanização e a classe de melhor renda gera maior quantidade de resíduo per capta e também é mais bem atendida no serviço de coleta e isto se deve à consolidação da infraestrutura urbana.
Independente da condição de abastecimento de água e de serviço de rede coletora de esgoto a coleta per capta de resíduo é realizada, pelo menos em níveis baixo. No seguimento populacional da bacia que tem serviço de coleta regular acima de 90%, observa-se que mais de um quarto desta população tem geração per capta diária de 0,562 kg.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATLAS MUNICIPAL – Desenvolvimento Humano em Manaus.Governo do Estado do Amazonas, SEPLAN, Prefeitura Municipal de Manaus, PNUD e Fundação João Pinheiro. 2006.
BRITES, A. P. Z.; Avaliação da Qualidade da Água e dos Resíduos Sólidos no Sistema de Drenagem Urbana. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS – 2005
NEVES, M.G.F.P.; TUCCI, C.E.M.; Gerenciamento Integrado em Drenagem Urbana: Quantificação e Controle de Resíduos Sólidos. In: XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos / ABRH, Curitiba, 2003.